Defesa de dissertação de mestrado de Eliza Desabado Castiglioni dos Santos
Título: Exclusão e poder na Hispânia tardo-antiga: a identidade da comunidade cristã a partir do Concílio de Elvira (séc. IV d.C).
Data: 17 de dezembro de 2025.
Horário: 14h.
Local: Sala de Seminários, localizada na sala 202 do prédio IC-III, CCHN/UFES.
Banca examinadora:
Profa. Dra. Érica Cristhyane Morais da Silva (Presidente/Orientadora – UFES)
Profa. Dra. Hariadne da Penha Soares Bocayuva (Examinadora Externa – SEDU)
Prof. Dr. Belchior Monteiro Lima Neto (Examinador Interno – UFES)
Resumo: Em inícios do século IV d.C., se realiza na cidade de Ilíberis, atual Granada, na Hispânia, um concílio que ficou, convencionalmente, conhecido como Concílio de Elvira com características canônicas e sinodais. O objetivo desta pesquisa consiste na análise da identidade da comunidade cristã na Hispânia tardo-antiga, tal como foi definida e construída a partir do conjunto de 81 cânones normativos do Concílio de Elvira. Esta identidade se delineia por meio de um processo de diferenciação, exclusão simbólica e, sobretudo, de uma mimesis que aproxima cristãos da cultura romana na mesma medida em que forja uma separação entre a comunidade cristã e as tradições religiosas judaicas e pagãs. Compreendendo este processo como central presente nas Atas do concílio, buscaremos: 1) inventariar as relações pagano-cristãs como representadas na fonte em termos dos rituais religiosos, casamentos, espaços e lugares sagrados, práticas interditas e punições praticadas; 2) mapear as relações judaico-cristãs em termos dos rituais, casamentos e punições aos desvios praticados quando da interação entre judeus e cristãos e, por fim, 3) inferir sobre as relações romano-cristãs de modo a compreender as afinidades e aproximações entre ambos em termos de adoção de práticas jurídicas romanas na aplicação de penalidades cristãs aos desvios exercidos por membros cristãos. Dada estas premissas, argumentamos que os cristãos, em inícios do século IV d.C., no Concílio de Elvira, produz normativas que enquadram a identidade cristã em alteridade aos pagãos e judeus se aproximando, seletivamente, à cultura romana, particularmente, às práticas jurídicas. Como aporte teórico empregaremos os conceitos identidade, de Tomaz Tadeu da Silva (2004); representação, de Roger Chartier (1990); recorremos às categorias de puro/impuro, contaminação e limpeza, discutidas por Mary Douglas em Pureza e Perigo (1978), e poder, seguindo as ideias de Falcon (1997), e sensibilidade jurídica, de Clifford Geertz (1994). Como metodologia para o tratamento das fontes, utilizaremos a Análise de Conteúdo e a Técnica de Análise Categorial, tal como proposto por Laurence Bardin (2011).
