Defesa de tese de doutorado de Paulo César Ruas Oliveira Santos

Título: Indígenas, negros e brancos nos registros batismais e de óbitos da colônia de Santa Isabel (1814-1920).
Data: 12/11/2024.
Horário: 14h.
Local: Sala de Defesas do PPGHis, sala 307 do prédio Wallace Corradi Vianna - CCHN/UFES.

Banca examinadora:
Prof. Dr. Luiz Cláudio Moisés Ribeiro (Presidente/Orientador – UFES)
Profa. Dra. Vânia Maria Losada Moreira (Examinadora Externa – UFRRJ/UnB)
Profa. Dra. Tatiana Gonçalves de Oliveira (Examinadora Externa – UESPI)
Profa. Dra. Maria Cristina Dadalto (Examinadora Interna – UFES)
Prof. Dr. Ueber José de Oliveira (Examinador Interno – UFES)

Resumo: A criação oficial da colônia de Santa Isabel é comumente estabelecida no ano de 1847, considerado o marco da ocupação de imigrantes europeus na região em que hoje se localiza o município de Domingos Martins. Essa datação foi adotada por parte da população local, pela mídia e pelo poder público municipal. A ideia de que a região foi povoada somente após a chegada dos primeiros imigrantes vindos da Europa, nega a presença histórica dos povos originários e de outros brasileiros que ali residiam na época. Logo, o recente desenvolvimento turístico é enaltecido sob uma pseudo-herança europeia de aspectos culinários, arquitetônicos e culturais que oblitera a contribuição de outras etnias e populações residentes antes mesmo da instalação da colônia de imigrantes, a partir de meados do século XIX. Nossa pesquisa possui como fontes primárias os livros do Fundo de Polícia do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo e da Igreja Católica, nos quais destacamos os batismos e os óbitos. Ordenamos o material de acordo com o método onomástico, que consiste na sobreposição de dados relacionados a nomes. Tabulamos os dados por meio da apreciação quantitativa e do cruzamento de prenomes e sobrenomes. Ademais, nossa atividade se fundamenta nas metodologias indiciarista e de redução de escalas, respectivamente, dos pesquisadores Carlo Ginzburg e Jacques Revel, o que permitiu identificar indivíduos, auxiliando a criação de um quantitativo e da posterior análise qualitativa dos dados reunidos para este estudo. Por fim, nossa hipótese defende que existiam nacionais - indígenas, brancos, pretos e pardos (livres, escravizados ou libertos) - ao longo da Estrada Real São Pedro de Alcântara, desde 1814, sendo que em seu entorno surgiu o município de Domingos Martins. Tal conclusão revela que a chegada e a presença de europeus e seus descendentes não foi exclusiva no município, nem mesmo nos primeiros decênios de sua existência oficial. Nota-se, então, que a força da narrativa histórica e das tradições ressignificadas dos imigrados estrangeiros inviabilizou a valorização e a memória dos nacionais, que lhes foram pregressos ou contemporâneos. 
 

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