Defesa de tese de doutorado de Wander Luiz Demartini Nunes

Título: O exílio como enredo: Stefan Zweig, um refugiado do nazismo no Brasil.
Data: 18/10/2024.
Horário: 08h.
Local: Sala de Defesas do PPGHis (Sala 307 do prédio Wallace Corradi Vianna - CCHN/UFES).

Banca examinadora:
Prof. Dr. Josemar Machado de Oliveira (Presidente/Orientador – UFES)
Profa. Dra. Vânia Maria Losada Moreira (Examinadora Externa – UFRRJ/UnB)
Prof. Dr. Marcelo Durão Rodrigues da Cunha (Examinador Externo – IFES)
Prof. Dr. Luiz Cláudio Moisés Ribeiro (Examinador Interno – UFES)
Prof. Dr. Ueber José de Oliveira (Examinador Interno – UFES)

Resumo: O presente trabalho analisa a obra de Stefan Zweig, escritor, romancista, poeta, dramaturgo, jornalista e biógrafo austríaco de origem judaica, radicado no Brasil a partir dos anos 1930, e se debruça, em especial, sobre seus escritos acerca da realidade brasileira, a exemplo do livro Pequena Viagem ao Brasil, que contém o cerne de várias ideias desenvolvidas pelo autor posteriormente em outra obra, intitulada Brasil, um país do futuro, igualmente de importância central nas problematizações levantadas na presente tese. Na condição de judeu e austríaco, escritor mais traduzido do mundo na década de 1920, Zweig viu todo seu universo cultural, já extremamente abalado pela Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), ruir de vez com a ascensão do nazismo. Mesmo que muitos tenham cobrado um posicionamento mais enérgico do escritor contra Hitler e o regime que liderava, as marcas da perseguição e do exílio aparecem em sua obra enquanto descrevia o mundo que viu, fosse em ensaios ou em sua Autobiografia. Portanto, a presente tese aponta o impacto do conhecimento acerca Brasil em seu pensamento, no sentido de compreender a concepção utópica de Stefan Zweig sobre o passado, presente e futuro do Brasil, a partir de uma leitura muitas vezes idílica, para demonstrar os limites de tal concepção. O estudo partiu da análise de sua trajetória europeia, diante dos eventos cataclísmicos da primeira metade do século XX, pois considero que essa experiência interferiu diretamente na impressão exageradamente positiva que teve do Brasil, sobretudo quanto às relações étnico-raciais. Como Zweig não apresentou a bibliografia utilizada em seus estudos acerca da terra de seu exílio final, busquei comparar seus escritos sobre o país com trechos de Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, o que possibilitou a percepção de semelhanças e diferenças na abordagem de determinados aspectos. A restritiva legislação migratória da época também é aqui evocada para ressaltar equívocos e nos permitir a conclusão de que o Brasil de Vargas estava distante do “país do futuro” sonhado por Zweig, pois não coincidiu de forma alguma com sua expectativa de que o amplo território brasileiro pudesse representar um alento para alguns dos milhões de refugiados das décadas de 1930 e 1940.

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