Defesa de tese de doutorado de Ana Carolina Machado Arêdes
Título: "Arte e Política: a trajetória artística e a militância comunista do pintor Candido Portinari (1920-1949)"
Data: 02/09/2022
Horário: 14h
Local: Sala de reunião virtual
Banca examinadora:
Profa. Dra. Almerinda da Silva Lopes (Presidente/Orientadora – UFES)
Profa. Dra. Maria Amélia Bulhões Garcia (Examinador Externo – UFRGS)
Prof. Dr. Maro Lara Martins (Examinador Externo – UFES)
Profa. Dra. Lívia de Azevedo Silveira Rangel (Examinador Interno – UFES)
Prof. Dr. Pedro Ernesto Fagundes (Examinador Interno – UFES)
Resumo: Esta tese objetiva compreender a trajetória artística e a militância política de Candido Portinari. Para tanto, buscamos entender desde o período da educação formal deste pintor na tradicional Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, na década de 1920, quando ele começou a atuar como um hábil retratista a fim de sustentar os seus estudos e conseguir se inserir no ambiente social daquela época. Além disso, eram os retratos um dos gêneros artísticos de predileção da ENBA, o que fez com que Portinari começasse a faturar prêmios nos disputados Salões de Arte promovidos por esta instituição. Em 1928 ganhou uma viagem de estudos à Europa, da qual regressou em 1931. Decidido a transformar o estilo da sua pintura, Portinari começou a evocar a temática nacional em suas composições. Logo foi notado pelo movimento modernista brasileiro, em especial por Mário de Andrade, e, se transformou em um dos artistas modernos referenciais desta geração. Nesta mesma época, Getúlio Vargas estava à frente da Presidência sendo sua gestão reconhecida pela ampla participação de artistas e intelectuais. Portinari foi um dos pintores prediletos a desempenhar encomendas sob o mecenato estatal. Com o fim do Estado Novo, em 1945, Eurico Gaspar Dutra venceu a disputa eleitoral e assumiu a Presidência em 1946. Neste contexto, o Partido Comunista do Brasil havia retornado à legalidade e contou com uma enorme adesão de artistas e intelectuais aos seus quadros, dentre os quais Portinari. O artista iniciava então a sua militância e engajamento político, que o levou a disputar duas eleições pela chapa do PCB, como deputado federal e como senador por São Paulo, sem conseguir se eleger. A partir de 1947, o governo Dutra endurece a perseguição ao PCB que levou à cassação desta legenda, assim como dos mandatos dos parlamentares eleitos por ela. Nesta atmosfera de incertezas e acirramento político, Portinari decidiu partir para um exílio no Uruguai, onde permaneceu até meados de 1948. Quando retornou ao Brasil, acontecia a penetração das linguagens abstratas no ambiente artístico, promovendo uma atualização do código estético. O pintor, remanescente do modernismo, passou então a ser muito criticado por se manter preso à arte social, sendo atacado por não aderir à abstração, especialmente, por Mário Pedrosa. O recorte temporal adotado nesta pesquisa compreende, portanto, a década de 1920 e se estende até o ano de 1949, quando Portinari sofreu uma dura crítica de Pedrosa pela composição do painel Tiradentes.
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