Defesa de dissertação de mestrado de Vinícius de Paula Ferreira

Título: “Delegado da Dops x Pastor evangélico: Repressão política, Ditadura Militar e deslocamento de memória em Claudio Guerra (1964-1985)".
Data: 20/10/2022
Horário: 14h
Local: Sala de Seminários do IC III, CCHN/UFES

Banca examinadora: 
Prof. Dr. Pedro Ernesto Fagundes (Presidente/Orientador – UFES)
Prof. Dr. Pablo Ornelas Rosa (Examinador Externo – UVV)
Prof. Dr. Sebastião Pimentel Franco (Examinador Interno – UFES)
Prof. Dr. Ueber José de Oliveira (Examinador Interno – UFES)

Resumo: O período entre 1964 e 1985 é marcado pela Ditadura Militar brasileira. Através de torturas, repressões,   censuras   e   demais   arbitrariedades,   os   militares perseguiram,   mataram   e desapareceram com milhares de pessoas ao longo dos 21 anos de poder. Por meio do discurso de “eliminar o subversivo” ou o “inimigo do governo”, a Ditadura buscou  silenciar  todos aqueles que se opunham à “ordem” vigente. Em 1985, após a saída dos castrenses do poder, a historiografia iniciou uma série de discussões sobre a memória do período, ascendendo questões via depoimentos, documentos e denúncias. Na última década, o ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social do Estado do Espírito Santo (DOPS-ES), Cláudio Antônio Guerra, confessou  seus  crimes  no  livro Memórias  de  uma guerra  suja (2012). Em  2014, foi encaminhado para  depor  na  Comissão  Nacional  da  Verdade  (CNV).  Na  ocasião,  novamente confessou crimes  e ações  que,  supostamente,  cometeu  durante  a Ditadura. Em 2018,  foi produzido  o  filme/documentário Pastor  Cláudio, e mais  uma  vez,  o  ex-repressor  confesso menciona suas práticas e seu envolvimento com os militares. Ao afirmar estar imerso em uma experiência  religiosa,  Cláudio  Guerra  procura testemunhar  seus  crimes para mostrar a possibilidade de encontrar “luz” e “redenção”. Perante o exposto, esta Dissertação discute que através  do deslocamento  de  memória, Cláudio  Guerra busca assumir  seus  crimes  até  1979,refugiando-se  na  Lei  de  Anistia  (1979).  Observa-se que  após  esse  marco  temporal, o  ex-delegado tem negado o cometimento de práticas tipificadas como contravenção penal, crime de mando  e  contrabando.  Finalmente,  destaca-se que  por  intermédio  de  um efeito  litúrgico no discurso, marcado pela redenção e o arrependimento dos pecados, o personagem naturaliza e normaliza a violência por ele praticada. Os documentos acima citados foram utilizados nesta Dissertação como  fontes  primárias de pesquisa, recorrendo-se à metodologia  de  análise documental.

Transparência Pública
Acesso à informação

© 2013 Universidade Federal do Espírito Santo. Todos os direitos reservados.
Av. Fernando Ferrari, 514 - Goiabeiras, Vitória - ES | CEP 29075-910