DOUT - História do trabalho e da proteção social

Código: PHIS0108
Curso: Doutorado em História
Créditos: 6
Carga horária: 120
Ementa: A disciplina tem por finalidade o estudo das diferentes representações sociopolíticas e culturais sobre o trabalho e o trabalhador, sobre o tempo livre, o lazer e o ócio, bem como as representações sobre a mendicância e os vadios ou vagabundos em diferentes épocas da História. Para tanto, deve-se partir de uma discussão preliminar sobre a historicidade do conceito de trabalho e sobre como o tema da proteção social veio a se constituir ao longo do tempo. Esclarecemos que a proteção social deve ser compreendida em um contexto histórico amplo que abrange desde as formas mais autônomas de seguridade social, como é o caso da proteção familiar e das associações e caixas de auxílio mútuo, até as formas institucionais modernas e contemporâneas de seguro e previdência social vinculadas ou não ao Estado.
O curso inicia-se com uma discussão sobre o lugar do trabalho na Antigüidade e na Idade Média, tratando-se logo depois das modalidades de trabalho agrícola e artesanal sob o Antigo Regime, temas que introduzem o estudo das grandes transformações de natureza socioeconômica, política e cultural relacionadas com o trabalho na grande indústria com a Revolução Industrial. Em seguida, passa-se à abordagem da relação salarial e da proteção social no capitalismo, procurando mostrar como se constrói, no caso da Europa Ocidental, todo um sistema de proteção social ancorado justamente na inserção no mundo do trabalho. Em relação ao Brasil, a discussão se dará sempre no plano das relações entre trabalho, poder, cotidiano e cultura, sendo privilegiados assuntos tais como: escravidão e emancipação no século XIX; trabalho, urbanização e industrialização a partir do final do século XIX; movimentos sociais, políticas públicas e direitos sociais relacionados ao trabalho e à seguridade social no Brasil. O curso finaliza com uma discussão sobre trabalho e tempo livre no mundo moderno.
A base teórica será a produção de historiadores como Moses Finley, Jean-Pierre Vernant e Pierre-Vidal Naquet, no caso do trabalho na Antigüidade, de Marc Bloch e Jacques Le Goff, para a Idade Média, de Robert Darton e Willian Sewel para as sociedades do Antigo Regime e de autores clássicos como E. P. Thompson e Eric Hobsbawm para o período relativo à Revolução Industrial. Para a discussão sobre os sistemas de proteção social surgidos na Europa, conhecidos também como Estados do bem-estar social, serão utilizados autores como Robert Castel, François Ewald e Alain Supiot. Em relação ao Brasil serão utilizados autores que trabalham a questão da escravidão como Emília Viotti da Costa, Hebe Maria de Mattos e Sidney Chalhoub e para o período pós-abolicionista autores como Boris Fausto e Ângela de Castro Gomes, entre outros. Em relação às transformações atuais no mundo do trabalho e nos sistemas de seguridade social, o curso procurará uma aproximação com a produção de sociólogos e economistas especializados nesses temas.
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