Assumindo novas identidades: resistência indígena no litoral sul do Espírito Santo (século XVIII).
Nome: LEONARDO NASCIMENTO BOURGUIGNON
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 11/05/2018
Orientador:
Nome | Papel |
---|---|
JULIO CÉSAR BENTIVOGLIO | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
---|---|
JUÇARA LUZIA LEITE | Examinador Interno |
JULIO CÉSAR BENTIVOGLIO | Orientador |
MARCELO DURÃO RODRIGUES DA CUNHA | Examinador Externo |
RODRIGO DA SILVA GOULARTE | Examinador Externo |
SONIA MISSAGIA MATOS | Examinador Externo |
Resumo: Na primeira metade do século XVI, a resistência indígena nesta e em outras capitanias deixou claro aos portugueses quão difícil seria a colonização dessas áreas. Diante desses desafios a Coroa Portuguesa adotou uma nova política, da qual fazia parte o envio de jesuítas para a América. Nesse contexto foram criadas no sul do Espírito Santo as missões de Guaraparim e Iriritiba. Nesta última, local de moradia do padre José de Anchieta em seus derradeiros anos de vida, a gravidade e amplitude de uma série de levantes iniciados no ano de 1742 deixaram sobressaltadas autoridades civis e religiosas. A notoriedade desta localidade e desses eventos, no entanto, não se refletiu na academia. Buscando contribuir para a mudança nesse panorama, começamos um processo de releitura de obras sobre a história do Espírito Santo e de correspondências oficiais sobre as revoltas utilizando conceitos como circularidade cultural, hibridismo, mestiçagem e etnogênese impressos nos textos de autores como Carlo Ginzburg, Guillaume Boccara, John Manuel Monteiro, Ronaldo Vainfas, Eduardo Viveiros de Castro, Manuela Carneiro da Cunha, Michel de Certeau e Maria Regina Celestino de Almeida. A princípio constatamos que apesar do esforço daqueles autores em apresentarem uma narrativa dual, que acondicionava colonizados e colonizadores em compartimentos estanques, seus textos traziam indícios que contrariavam essa representação simplista. Pensamento consolidado com a publicação do Auto da Devassa de 1761, ação organizada pelo Santo Ofício para apurar supostas irregularidades cometidas pelos inacianos durante sua permanência nesta capitania. Ao reproduzir o depoimento de índios que viviam em Guaraparim, Iriritiba e no Orobó, o documento nos apresentou indivíduos com trajetórias impensáveis para os modelos dicotômicos anteriores. Pessoas que para sobreviverem a todas aquelas transformações reinventaram-se repetidas vezes, criando e assumindo diferentes identidades. Uma parte deles, uma vez alijada dos cargos de administração da aldeia, migrou para o vale do Orobó fundando uma aldeia onde viveram, como sugeria o nome por eles escolhido, à eles, para eles, com a exclusão deles.