Crônicas de uma batalha simbólica: as representações neoliberais e suas concorrentes na imprensa argentina (1989, 1991, 2001)
Nome: RODRIGO CERQUEIRA DO NASCIMENTO
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 26/08/2015
Banca:
Nome | Papel |
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ANTONIO CARLOS AMADOR GIL | Orientador |
FABIO MURUCI DOS SANTOS | Examinador Interno |
GABRIELA SANTOS ALVES | Examinador Externo |
JUÇARA LUZIA LEITE | Examinador Interno |
MARIA HELENA ROLIM CAPELATO | Examinador Externo |
Resumo: A trajetória do neoliberalismo na Argentina se insere num quadro mais amplo de implementação das teses do Consenso de Washington pela maioria dos países latino-americanos a partir do final da década de 1980. Ao mesmo tempo, sua consolidação desde o início do governo de Carlos Menem representa um rompimento do presidente com valores da tradição peronista e sua aproximação a grupos de interesse domésticos e internacionais associados ao capital financeiro. Mais que uma vitória política, a implantação das reformas estruturais na Argentina da década de 1990 foi uma vitória simbólica, na qual as representações sociais ligadas ao neoliberalismo se impuseram sobre formas concorrentes de se explicar a realidade do país e se estabeleceram como ferramenta para diagnosticar a crise daquele período, explicar suas origens e propor saídas. Este trabalho analisa as representações sociais relacionadas ao neoliberalismo nos principais jornais argentinos em três momentos da história recente do país: a chegada de Carlos Menem à presidência, em 1989; a nomeação de Domingo Cavallo para o Ministério da Economia, em 1991, e a implantação da Lei de Conversibilidade; e a crise social e financeira que derrubou o presidente Fernando De la Rúa, conhecida como debacle, em dezembro de 2001. Por meio de ferramentas metodológicas próprias da análise de conteúdo e buscando contextualizar historicamente as referências e temas-eixo tratados, são examinados editoriais e textos opinativos dos jornais Clarín, La Nación e Página/12 para identificar as representações que esses veículos utilizaram para tratar da implantação e, posteriormente, da crise do projeto de reformas neoliberais na Argentina de Menem e De la Rúa. Percebe-se, assim, que as interpretações feitas pelos jornais sobre o passado argentino, a crise a partir da década de 1980 e o futuro projetado para o país acompanham, em grande medida, a linha editorial dos veículos e sua inclinação política anterior à implantação das reformas. No entanto, ainda que não os tenha levado a abandonar sua linha original, o pensamento neoliberal que se tornou dominante na Argentina durante a década de 1990 conseguiu impor aos jornais sua agenda e os termos do debate econômico e político na maior parte do período analisado. Longe de fomentar o consenso, a imprensa argentina nos governos de Menem e De la Rúa refletiu o embate entre as representações sociais que concorriam pelo domínio simbólico da sociedade do país naquele momento.