Entre Táticas e Estratégias: Tolerância e Intolerância Religiosa no Epistolário de Agostinho de Hipona (390-430)
Nome: JOSÉ MÁRIO GONÇALVES
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 14/07/2016
Orientador:
Nome | Papel |
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SERGIO ALBERTO FELDMAN | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ANA PAULA TAVARES MAGALHÃES | Examinador Externo |
ÉRICA CRISTHYANE MORAIS DA SILVA | Examinador Interno |
GILVAN VENTURA DA SILVA | Examinador Interno |
RUY DE OLIVEIRA ANDRADE FILHO | Examinador Externo |
SERGIO ALBERTO FELDMAN | Orientador |
Resumo: O presente trabalho investiga a correspondência entre o bispo católico norte-africano Agostinho de Hipona (354-430) e seus interlocutores pagãos e donatistas. A análise de tais discursos revela as estratégias e táticas utilizadas por cada uma das partes envolvidas nas disputas religiosos daquele contexto, além de mostrar uma realidade onde estão presentes a tolerância e a intolerância, o conflito e a coexistência. O uso das cartas de Agostinho como fonte de pesquisa permitiu olhar essa realidade a partir de situações concretas do cotidiano do bispo de Hipona e de seus interlocutores. O resultado da investigação revelou um mundo de conflitos onde cada grupo, através de discursos e práticas, lutava para afirmar a sua identidade. Revelou também, contudo, um mundo de coexistência, de apropriações e reapropriações, de equivalências e continuidades. À medida que crescia a intolerância e a repressão contra os grupos religiosos divergentes do catolicismo, diminuíam as situações de convivência; e aumentavam as de violência e conflito. Apoiado pelo poder coercitivo do Império, cuja legislação favorecia o catolicismo e criminalizava os seus adversários, Agostinho se encontrava numa posição de vantagem e, a partir desta condição, estabelecia estratégias de legitimação desta posição diante dos demais. Em resposta, seus interlocutores lançavam mão de diversas táticas: da parte dos pagãos, há exemplos tanto do recurso à violência quanto da busca de aproximação e diálogo; da parte dos donatistas, a prática do rebatismo, as acusações de perseguição e a recusa em responder as cartas de Agostinho e debater com ele. Todas são expressões de afirmação de identidade e resistência ao predomínio católico.