Identidade e alteridade no Egito greco-romano: uma análise da Geografia, de Estrabão e dos retratos e das máscaras funerárias (séculos I e II)
Nome: JÉSSICA LADEIRA SANTANA
Data de publicação: 04/10/2024
Banca:
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Papel |
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BELCHIOR MONTEIRO LIMA NETO | Presidente |
ERICA CRISTHYANE MORAIS DA SILVA | Examinador Interno |
GILVAN VENTURA DA SILVA | Examinador Interno |
HARIADNE DA PENHA SOARES BOCAYUVA | Coorientador |
MARCIA SEVERINA VASQUES | Examinador Externo |
Resumo: Na presente dissertação, tencionamos tratar o modo como duas fontes distintas representam as elites da chora egípcia: Estrabão, na Geografia, Livro XVII, descreve esta sociedade mediante a alteridade; em oposição a esta visão, temos os retratos e as máscaras funerárias do Faium (Médio Egito), os quais apresentam uma cultura híbrida produzida pelas elites dos séculos I e II. O contexto em questão é o de início da dominação romana no Egito, quando o poder imperial estabeleceu alianças com as elites da chora – detentoras da paideia e falantes do grego –, as quais alcançaram status, privilégios e poder econômico. Estas levaram para a chora símbolos imperiais, tanto em vida quanto na esfera da morte, como o idioma, as vestimentas, os cabelos e as técnicas de pinturas greco-romanas nos retratos e máscaras funerárias. Estrabão, apesar de ter visitado a chora egípcia, não a descreveu com esta pluralidade, mas sim como o oposto de Alexandria, que teria todos os elementos greco-romanos. Partindo dessas constatações, inferimos nossa primeira hipótese: Estrabão fez uma segmentação do Egito romano de acordo com a tradição grega. Dessa forma, representou o Delta – sobretudo Alexandria – como sendo civilizado e urbano, enquanto o Médio e Alto Egito eram considerados não civilizados e exóticos. Nossa segunda hipótese se concentra nas elites da chora, as quais encomendaram retratos e máscaras funerárias, que representaram símbolos egípcios e greco-romanos em conjunto, mantendo o status perante os romanos, preservando a memória coletiva autóctone e legitimando o poder ao nível local, produzindo, desta forma, uma cultura híbrida no Faium, em contraste com a descrição apresentada por Estrabão na Geografia, Livro XVII. Como aporte teórico empregamos os conceitos de Representação, de Roger Chartier (2002); Identidade e Alteridade, de Kathryn Woodward (2021); Fronteira, de Noberto Guarinello (2010); Hibridismo cultural, de Peter Burke (2003); e Morte, de Norbert Elias (2012). Já como metodologia, utilizamos a Análise de Conteúdo, conforme proposto por Laurence Bardin (2011).