Indígenas, negros e brancos nos registros batismais e de óbitos da colônia de Santa Isabel (1814-1898)

Nome: PAULO CÉSAR RUAS OLIVEIRA SANTOS

Data de publicação: 12/11/2024

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
LUIZ CLAUDIO MOISES RIBEIRO Presidente
MARIA CRISTINA DADALTO Examinador Interno
TATIANA GONÇALVES DE OLIVEIRA Examinador Externo
UEBER JOSE DE OLIVEIRA Examinador Interno
VÂNIA MARIA LOSADA MOREIRA Examinador Externo

Resumo: A criação oficial da colônia de Santa Isabel é comumente estabelecida no ano de 1847, considerado o marco de ocupação imigrantes europeus na região em que hoje se localiza o município de Domingos Martins. Essa datação foi adotada por parte da população local, pela mídia e pelo poder público municipal. A ideia de que a região foi povoada somente após a chegada dos primeiros imigrantes vindos da Europa, nega a presença histórica dos povos originários e de outros brasileiros que ali residiam na época. Logo, o recente desenvolvimento turístico é enaltecido sob uma pseudo-herança europeia de aspectos culinários, arquitetônicos e culturais que oblitera a contribuição de outras etnias e populações residentes antes mesmo da instalação da colônia de imigrantes, a partir de meados do século XIX. Nossa pesquisa possui como fontes primárias os livros do Fundo de Polícia do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo e da Igreja Católica, nos quais destacamos os batismos e os óbitos. Ordenamos o material de acordo com o método onomástico, que consiste na sobreposição de dados relacionados a nomes. Tabulamos os dados por meio da apreciação quantitativa e do cruzamento de prenomes e sobrenomes. Ademais, nossa atividade se fundamenta nas metodologias do paradigma indiciário e de redução de escalas, respectivamente, dos pesquisadores Carlo Ginzburg e Jacques Revel, o que permitiu identificar indivíduos, auxiliando a criação de um quantitativo e da posterior análise qualitativa dos dados reunidos para este estudo. Por fim, nossa hipótese defende que existiam nacionais - indígenas, brancos, pretos e pardos (livres, escravizados ou libertos) - ao longo da Estrada Real São Pedro de Alcântara, desde 1814, sendo que em seu entorno surgiu o município de Domingos Martins. Tal conclusão revela que a chegada e a presença de europeus e seus descendentes não foi exclusiva no município, nem mesmo nos primeiros decênios de sua existência oficial. Nota-se, então, que a força da narrativa histórica e das tradições ressignificadas dos imigrados estrangeiros inviabilizou a valorização e a memória dos nacionais, que lhes foram pregressos ou contemporâneos.

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