A construção identitária do sujeito cristão na Summa Theologiae de Tomás de Aquino (1273)
Nome: PABLO GATT ALBUQUERQUE DE OLIVEIRA
Data de publicação: 09/05/2024
Banca:
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Papel |
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LENI RIBEIRO LEITE | Examinador Interno |
LUDMILA NOEME SANTOS PORTELA | Examinador Externo |
MARCUS VINICIUS DE ABREU BACCEGA | Examinador Externo |
SERGIO ALBERTO FELDMAN | Presidente |
TEREZINHA OLIVEIRA | Examinador Externo |
Resumo: O símbolo do pecado original de Adão e Eva não apenas ressoa como um marco cronológico no imaginário do Cristianismo, mas como uma força escultural que moldou as nuances identitárias cristãs no tempo e do espaço e redesenhou a essência do sujeito cristão na vastidão dos séculos (Gênesis 3: 14-24). Os ecos dessas transformações remontam aos primórdios da “Boa Nova” cristã e aos discursos entrelaçados pelo movimento dos Pais da Igreja. Foi através desses discursos que se iniciou o processo de construção da identidade cristã, em contraste com os demais grupos que circundavam o Império Romano, tais como judeus, gentios e pagão, na medida em que segundo a metodologia da Análise do Discurso de Linha Francesa, esses discursos são considerados como discursos constituintes, pois são absolutos e transcendentes, permitindo, autorizando e regulando o surgimento de outros discursos. Em busca de diferenciar e caracterizar a identidade cristã, esses homens ressignificaram as práticas da circuncisão e do batismo, e forjaram o símbolo do pecado original em uma compreensão contrária à perfeição da Criação divina. Na Idade Média Central, esses discursos foram reinterpretados sob a égide da teologia e filosofia neoaristotélica de Tomás de Aquino, revitalizados pela ressurreição da razão em integração com os ensinamentos teológicos. Dessa forma, a presente tese objetiva compreender, entre as páginas do Tratado sobre o Homem, na Prima Pars, e no Tratado dos Vícios e dos Pecados, presente na Pars Prima Secundae, tomos presentes na monumental obra Summa Theologiae (1273), de Tomás de Aquino, como o discurso religioso e filosófico do Doctor Angelicus construiu uma identidade para o sujeito cristão, comparando a natureza humana anterior e posterior ao símbolo do pecado original de Adão e Eva. A partir dessa análise, propomos a hipótese de que a narrativa do pecado original estabeleceu um padrão moral e normativo para a humanidade, delineando o que é certo e errado com base nos ensinamentos religiosos, em que a referência ao símbolo do primeiro pecado pode ser interpretada como uma continuidade da ideia de que a humanidade está sujeita a uma condição pecaminosa desde o início dos tempos (ST, Ia-IIae, q. 81, a. 2, resp.). Ademais, essa identidade, evidenciada pela corrupção da natureza humana, demonstra que essas dicotomias intrínsecas entre distintas naturezas permeavam o tecido da vida cotidiana no Centro-Medieval, onde a alteridade não representava uma ruptura com a rotina, mas era um componente integrante que orientava os padrões de existência.