A mestiçagem como conceito fundamental do pensamento histórico brasileiro
Nome: HUGO RICARDO MERLO
Data de publicação: 27/10/2023
Banca:
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Papel |
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CAMILA BUENO GREJO | Examinador Interno |
FABIO FRANZINI | Examinador Externo |
JOSEMAR MACHADO DE OLIVEIRA | Examinador Interno |
JULIO CESAR BENTIVOGLIO | Presidente |
MATEUS HENRIQUE DE FARIA PEREIRA | Examinador Externo |
Resumo: Essa tese consiste em uma história do conceito de mestiçagem enquanto vetor fundamental do pensamento histórico brasileiro e articulação conceitual de uma vantagem epistêmica, aquela de perceber as contradições e ambiguidades da própria história-fenômeno. Argumentamos que a mestiçagem é um conceito essencialmente histórico e que opera como uma categoria formalista que designa origem e princípio de desenvolvimento da história, para além de suas atribuições de ordem ideológica e identitária – já muito exploradas na bibliografia sobre o tema. Defendemos também que se trata de um conceito dialético e processual e de um dos fundamentos do pensamento histórico brasileiro nas décadas finais do século XIX e no começo do século XX. Fazemos isso por meio de uma análise inspirada na história dos conceitos alemã (Begriffsgeschichte) de algumas obras de crítica literária, ensaísmo social e historiografia que fazem uso dessa categoria analítica entre os anos de 1874 – ano da primeira ocorrência do conceito na historiografia nacional – e 1942 – ano de publicação de Formação do Brasil contemporâneo, de Caio Prado Jr., texto mais recente de nosso corpus analítico. Concluímos que mesmo tendo perdido parte substancial de seu potencial explicativo com o declínio do conceito de raça e a promoção da ideologia da mestiçagem nos anos 1930, o conceito fundamental de mestiçagem seguiu sendo relevante na medida em que sua estrutura continuou a operar no pensamento histórico brasileiro na forma de um característico dualismo estrutural e de conceitos sintéticos provisórios. Além disso, defendemos que a análise da mestiçagem enquanto conceito analítico demonstra o potencial generativo da tradição intelectual brasileira e demais tradições intelectuais periféricas.