Fazendeiros, negros e imigrantes em Castello (1891-1928): processo histórico de poder territorial no Sul do Espírito Santo

Nome: ADEMILDO GOMES

Data de publicação: 21/08/2023

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ADRIANA PEREIRA CAMPOS Coorientador
KARULLINY SILVEROL SIQUEIRA Examinador Interno
LUIZ CLAUDIO MOISES RIBEIRO Examinador Interno
MARIA CRISTINA DADALTO Presidente
RAFAELA DOMINGOS LAGO Examinador Externo

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Resumo: A tese doutoral tem como proposta estudar a relação entre os fazendeiros, os negros e os imigrantes no distrito Estação do Castello, região Sul do Espírito Santo, entre os anos 1891 a 1928, tendo como epicentro da pesquisa o processo histórico de poder territorial. O atual Município de Castello, depois de uma esparsa colonização provocada pela mineração, foi formado a partir das grandes fazendas estabelecidas no seu território no século XIX. As fazendas, constituídas por grandes extensões de terras, tinham como alicerces produtivos a cultura cafeeira e o regime escravista. Com a abolição, em 13 de maio de 1888 e a desvalorização do café, a partir de 1896, abriu-se um gradual processo de acesso à terra, no qual os grandes latifúndios, aos poucos, foram transformados em pequenas propriedades. Nesse processo, destacaram-se os fazendeiros e seus herdeiros, os negros libertos com suas famílias e os imigrantes e seus descendentes. Todos reconhecendo na terra um símbolo de poder. O objeto da pesquisa está alicerçado nesses grupos, com vistas a analisar as diferentes estratégias de poder implementadas e as possibilidades que tiveram para o acesso à terra no distrito de Castello. O texto segue a perspectiva metodológica da micro-história, dando preferência a história local, não se dissociando, porém da história geral. Sendo assim, apresenta-se como uma microanálise que possibilita vislumbrar alguns elementos da dinâmica política vivenciada no Brasil no período pós abolição. As fontes compõem-se principalmente de cinco conjuntos, a saber: os relatórios e mensagens dos governos do Espírito Santo; os documentos fundiários do Fundo de Agricultura e Governadoria do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo; os registros cartoriais (inventários post-mortem, registros civis de nascimento e de escrituras de propriedades); os documentos eclesiásticos, sobretudo os livros de registros de batismo da Paróquia São Pedro de Cachoeiro de Itapemirim e da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Conceição do Castelo; as fontes de imprensa, especialmente os jornais sul capixabas O Cachoeirano e O Constitucional, examinadas segundo à análise do discurso. Ficou constatado que, após a abolição, o mito da hierarquia racial e a política do branqueamento privilegiaram os imigrantes e invisibilizaram a população negra no que tange à participação no processo de aquisição de terras na condição de proprietários, além de reafirmar o racismo, distanciando a relação entre esses dois grupos étnicos.

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