A representação do Diabo no De casu diaboli de Anselmo de Bec (séc. XI)

Nome: JOANA SCHERRER CARNIEL
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 18/10/2022
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
SERGIO ALBERTO FELDMAN Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
CAROLLINE DA SILVA SOARES Examinador Interno
JOSÉ MÁRIO GONÇALVES Examinador Externo
MANOEL LUÍS CARDOSO VASCONCELLOS Examinador Externo
SERGIO ALBERTO FELDMAN Orientador

Resumo: Na presente dissertação estudamos o tratado De casu diaboli, escrito por Anselmo de Bec durante os anos de 1085-1090, enquanto exercia o ofício de abade no mosteiro beneditino localizado em Bec, na Normandia (França atual). No tratado, Anselmo discorre acerca de algumas questões que provocam discussões até os dias atuais na teodiceia cristã, entre elas a principal é: se Deus é supremo bem e suprema essência e a partir dele só é derivado o que é bem e essência, o que é o mal e de onde ele vem? Firmemente alicerçado na autoridade de Agostinho de Hipona, Anselmo parte do pressuposto de que não existe no mal uma ontologia, entendendo-o como privação ou falta de bem (privatio boni). Por conseguinte, o que existe é o mal moral, compreendido como o pecado. Nesse contexto, o abade — escrevendo sempre em conformidade com a tradição crist㠗 introduz a figura do diabo como um dispositivo para explicar a existência do mal sem fazer com que Deus seja o responsável. Essa constatação o induz ao segundo problema: por que lúcifer pecou? Em sua resposta, ele argumenta que o anjo mau abandonou a justiça na qual fora criado a partir do momento em que quis o que não deveria nem poderia querer. E o que quis? A felicidade de maneira desordenada. Ao querer o que não podia, lúcifer agiu com vontade própria, não submetida a ninguém, algo inconcebível para um ser que devia sua existência a um criador. Isto posto, seu pecado foi a desobediência. O principal desafio que se colocou a esta pesquisa foi o de abordar um documento de conteúdo teológico-filosófico sob o viés histórico. Sendo assim, ela orientou-se a partir da seguinte indagação: por que motivo o abade de Bec se propõe a dissertar acerca do mal e de Lúcifer no contexto do século XI? Para isso, analisamos a obra sob a perspectiva de que ela fazia parte de um projeto pedagógico de Anselmo, que visava trazer o diabo como o mau exemplo, de modo a educar seus monges em um padrão moral de conduta cristã. Para esse exame da obra anselmiana, utilizamos os conceitos de poder pastoral de Michel Foucault (2008), representações de Roger Chartier (2002) e as proposições metodológicas da Análise de Conteúdo de Laurence Bardin (2011).

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