A fabricação da imagem imperial de Domiciano em moedas e na Aquileida de Estácio (81-96)
Nome: IRLAN DE SOUSA COTRIM
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 25/02/2022
Orientador:
Nome | Papel |
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LENI RIBEIRO LEITE | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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CAMILLA FERREIRA PAULINO DA SILVA | Coorientador |
GILVAN VENTURA DA SILVA | Examinador Interno |
LENI RIBEIRO LEITE | Orientador |
PAULO MARTINS | Examinador Externo |
Resumo: Na presente dissertação analisamos a fabricação da imagem imperial de Tito Flávio Domiciano (81-96), último representante da dinastia flaviana (69-96), a partir da aproximação do princeps com figuras divinas, semidivinas e históricas. Para tanto, mobilizamos um corpus documental que contempla um conjunto de moedas cunhadas em Roma durante os quinze anos do governo de Domiciano, além de um poema épico escrito por Públio Papínio Estácio, a Aquileida. Em nosso entendimento a propagação das associações da imagem daquele imperador com deuses, semideuses e personalidades históricas nas cunhagens e nas letras permitiram a cooptação de forças provenientes do senado, do exército e da população romana, o que contribuiu, desse modo, para a manutenção da legitimidade do princeps. As moedas de Domiciano construíram, tanto nas inscrições quanto nas imagens, a figura do imperador como dotado de virtudes como a fortitudo, a gloria, a concordia, a liberalitas e de pietas para com os deuses e familiares, além de filiar as realizações militares do princeps aos precedentes flaviano e augustano. Na Aquileida, Estácio o comparou ao lendário guerreiro Aquiles e deu precedência ao imperador, em termos de virtudes, à história deste, além de ter construído o personagem como exemplum de destreza bélica e portador da pietas, conceitos basilares no contexto do Principado e por conseguinte, flaviano. Utilizamos como arcabouço teórico o binômio representação e práticas cunhados por Roger Chartier (1991; 2002), a noção de propaganda aplicada aos Estudos Clássicos de Paulo Martins (2011) e de Ana Teresa Marques Gonçalves (2013), o conceito de teatrocracia por Georges Balandier (1982) e de poder simbólico de Pierre Bourdieu (2005). Além disso, utilizamos os preceitos da retórica epidítica provenientes dos tratados antigos tais como os escritos de Cícero, do Auctor ad Herennium, de Quintiliano e de Menandro, o Retor, por entendermos que nosso corpus estava inserido em um interdiscurso retórico. O método empregado foi o da Análise de Conteúdo a partir da técnica da análise categorial tal como exposta por Laurence Bardin (2011).