A História nas pegadas do \"Seu\" Kilowatt: As relações entre Brasil e EUA por meio da AMFORP (1936-1965)

Nome: DOUGLAS EDWARD FURNESS GRANDSON
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 11/03/2022
Orientador:

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LUIZ CLÁUDIO MOISÉS RIBEIRO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALEXANDRE MACCHIONE SAES Examinador Externo
ALMERINDA DA SILVA LOPES Examinador Interno
ANDRE RICARDO VALLE VASCO PEREIRA Examinador Externo
CEZAR TEIXEIRA HONORATO Examinador Externo
JUÇARA LUZIA LEITE Examinador Interno

Páginas

Resumo: Essa tese é dedicada às relações político-econômico-culturais entre Brasil e EUA por meio da multinacional de serviços elétricos, transportes e telefonia, a American & Foreign Power (AMFORP). Utilizando a análise da imagem proposta por Peter Burke (2004), o esforço de pesquisa foi o de articular o estudo da publicidade da multinacional com as reações dos brasileiros à atuação do empreendimento no Brasil. Para tanto, a análise do discurso adaptada para historiadores de Ciro Cardoso (1997) e os conceitos propostos por André R. V. V. Pereira (2015) de noções, valores e concepções de mundo (estrutura mental); projeto (conjuntura), e propaganda (narrativas) são caros ao esforço historiográfico dessa pesquisa. Desse modo, a trajetória da pesquisa parte do instrumento da AMFORP no Brasil, o “Seu” Kilowatt, personagem publicitário que atuou nas zonas de concessão das subsidiárias da AMFORP e que teve funções educativas e políticas. Após identificar a atuação do personagem no Espírito Santo, são analisadas as experiências trazidas pela empresa ao Brasil em mais cinco estados, esforço que contou com a contribuição da análise do conteúdo proposta por Laurence Bardin (1977) para a categorização das imagens. Após identificar que a empresa relegou a segundo plano o esforço de venda de produtos e serviços, dando prioridade à função de defesa de críticas do público por 18 anos de sua trajetória no Brasil, é empreendida uma análise dos discursos dos brasileiros sobre a empresa, com destaque ao período posterior à 2ª Guerra Mundial. Após o término do conflito, o país passou por um processo de redemocratização que deu possibilidade de as elites político-econômicas regionais confrontarem o poderio da companhia estrangeira, que estava, por sua vez, preparada para conter críticas feitas aos seus interesses, o que foi mobilizado por uma estrutura empresarial multidivisional (SAES, 2021). Desse modo, de 1945 até 1965 são analisados os “nós” discursivos gerados em torno da empresa nos principais jornais regionais, de modo a captar as regularidades da narrativa da empresa e as suas nuances conjunturais, das quais foram marcantes os seguintes momentos: de 1945 até 1949 ocorreram os embates; de 1950 até 1955 os primeiros combates, e de 1955 até 1962 os grandes combates. Após conjugar a análise da imagem publicitária à ação dos gerentes da empresa e confrontar as narrativas dos brasileiros com a iniciativa privada internacional, foram abordados os interesses da empresa no Brasil, de posse dos relatórios da AMFORP nos EUA e da Companhia Auxiliar das Empresas Elétricas Brasileiras (CAEEB), sediada no Rio de Janeiro. Apoiando-me na abordagem de Alberto Moniz Bandeira (2011) sobre a rivalidade emergente entre o Brasil e EUA e na literatura compilada por Bielschowsky (2004) acerca do pensamento econômico brasileiro foi possível alcançar a tese de que houve uma dissimulação dos agentes empresariais da AMFORP sobre a impossibilidade de equilibrar os interesses privados internacionais com aqueles públicos nacionais, o que gerou sérios conflitos entre estadunidenses e brasileiros. Foram mensuradas as capacidades de reação regional ao poderio empresarial no campo da esfera pública, nas quais os estados do Rio Grande do Sul e de Pernambuco apresentaram uma maior capacidade de fechar unanimidade em torno do protagonismo brasileiro no setor e de enfrentamento à empresa, enquanto Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Paraná enfrentaram os dissabores das dificuldades relativas aos serviços de eletricidade, transportes e telefonia, gerados pela falta de investimento privado e pela protelação da resolução dos problemas dos serviços pela multinacional.

Palavras-chave: Brasil; EUA; AMFORP; “Seu” Kilowatt.

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