As representações da violência na Região do contestado entre o Espírito Santo e Minas Gerais (1940-1962)

Nome: EDMILTON DA SILVA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 19/02/2019
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
MARIA CRISTINA DADALTO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
CÁSSIO ARRUDA BOECHAT Examinador Externo
JORGE DA SILVA MACAÍSTA MALHEIROS Examinador Externo
MARIA CRISTINA DADALTO Orientador
PEDRO ERNESTO FAGUNDES Examinador Interno

Resumo: A história da Região contestada entre o Espírito Santo e Minas Gerais surgiu, mais notadamente, no alvorecer do século XIX com o Auto de 1800 e só terminou em 1963 com o Acordo do Bananal assinado entre os governadores de ambos os Estado litigantes. A disputa territorial e por jurisdição política entre Minas e Espírito Santo, quase levou suas Polícias Militares à conflagração armada na região. Além da disputa territorial, o Contestado mineiro-capixaba foi marcado, essencialmente, por um quadro de violência em torno da posse do uso e da propriedade da terra, sobretudo, depois que ela adquiriu valor como bem de capital e foi posta no mercado como qualquer outra mercadoria. A violência se exacerbou a partir da década de 1940 quando o Contestado sofreu grande explosão demográfica, momento em que, fazendeiros e grileiros chegaram à região e, por meio de jagunços e pistoleiros, buscavam usurpar o direito dos posseiros que primeiro ocuparam a terra e nela haviam depositado sua força de trabalho e esperanças de melhores condições de vida. Nessa luta, não faltou, entre outros, o apoio da Polícia Militar do Espírito Santo que através de várias diligências – algumas visivelmente ilegais – fazia com que o fiel da balança pendesse para o lado dos mais fortes e poderosos. Tal situação alcançou maior notoriedade no município de Ecoporanga, onde a luta camponesa apresentou contornos mais brutais e onde os posseiros – quase sempre representados como invasores, desordeiros e criminosos, enfim, como uma “classe perigosa” – sofreram maior perseguição. Assim, por meio da história oral como metodologia, bem como, através dos Estudos Críticos do Discurso, objetivamos estudar as representações da violência na Região contestada no período compreendido entre 1940 e 1962. Particularmente, pesquisamos se tais representações teriam contribuído para estimular e agravar os conflitos em que estavam envolvidos os vários atores sociais (posseiros, policiais militares, latifundiários, grileiros, jagunços e pistoleiros, dentre outros) levando àquela região um clima de extrema violência. Desse modo, notamos que no Norte do Estado e, em especial, na Região contestada havia um repertório de representações comum que produziu e estimulou uma série de tensões e conflitos entre os atores sociais envolvidos, tendo a violência, principalmente, contra a pessoa, seu desfecho mais evidente e cruel. Notamos ainda, que essa violência é parte integrante da própria condição humana e da vida em sociedade. Aliás, de uma sociedade que, pelo menos no Contestado, revelou-se como: dinâmica, violenta e injusta, em vias de transformação.

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