Erigindo Germânico: Domiciano e seu programa construtor em Roma a partir da retórica laudatória de Estácio (81-96)

Nome: NATAN HENRIQUE TAVEIRA BAPTISTA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 27/04/2021
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
LENI RIBEIRO LEITE Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
CARLOS AUGUSTO RIBEIRO MACHADO Examinador Externo
GILVAN VENTURA DA SILVA Examinador Interno
KATHLEEN MARY COLEMAN Examinador Externo
LENI RIBEIRO LEITE Orientador
WILLIAM JOHN DOMINIK Examinador Externo

Resumo: Este estudo interpreta a mobilização político-literária do programa construtor de Tito Flávio Domiciano em Roma, entre os anos de 81 e 96, por meio da poética de Públio Papínio Estácio — na Tebaida, na Aquileida e, sobretudo, nas Silvas. Correlaciona, portanto, as representações discursivas sobre a paisagem arquitetônica-monumental construída em versos pelo poeta à autoexpressão do princeps em seu projeto construtor e, consequentemente, ao sistema político-ideológico do Principado. Correfere, à vista disso, Estácio, Domiciano e o seu projeto construtor por meio do encômio, argumentando pela convergência entre os três polos da equação — laudans, laudatus, laus (o que louva, o que é louvado, o louvor) — com implicações no lugar social do primeiro, na expressão política do segundo e na representação monumental do terceiro durante o errático contexto histórico do último vintênio do século I EC. Este trabalho insere-se teoricamente nos Estudos do Discurso, ao propor que, nos poemas, se processa a economia das trocas simbólicas que dá inteligibilidade ao espaço e legitima, em concomitância, o poder do príncipe e a autoridade do poeta. De modo a harmonizar com a opção teórica e com o corpo documental, emprega-se o exame textual da Análise do Discurso, tal como proposta pela escola russo-francesa, a partir também das considerações da hermenêutica retórico-poética. A tese investiga, diante do exposto, os modos de apresentação e de significação de monumentos públicos da capital imperial, principalmente da estátua equestre, do Fórum Domiciânico e seu Templo de Jano, do Templo da Gente Flávia, do palácio e do Anfiteatro Flávio pelo diálogo entre a poética estaciana e a fortuna crítica arqueológica. Reconhece que Estácio, em nível sociopolítico, utiliza o elogio à dimensão espacial como recurso argumentativo e persuasivo. Através da retórica, ele estabelece sua autoridade e sua posição social, bem como constrói um éthos que amplia seus laços de amicitia e seu acesso ao círculo imperial. Como consequência, o vate fortalece a potência didática da sua obra e a função de guardião da memória que juntas concorrem ao estatuto de cânone épico durante a era domiciânica. O estudo conclui que há uma aliança político-literária entre o poder e a poesia que, por meio do elogio, sustenta e legitima simbolicamente a interpretação veiculada pela arquitetura do último flaviano, baseada em um discurso de triunfalismo militar, consenso cívico e restabelecimento da ordem social. A fiar tal construção de equilíbrio e estabilidade, tanto imperador quanto poeta abasteceram seus monumentos a partir do paradigma edilício júlio-claudiano.

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