\"O Glorioso ato de 13 de maio\": escravidão e liberdade na Comunidade Remanescente de Quilombo de Monte Alegre, Cachoeiro de Itapemirim-ES (1885-2019)

Nome: GEISA LOURENÇO RIBEIRO
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 10/12/2021
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
ADRIANA PEREIRA CAMPOS Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ADRIANA PEREIRA CAMPOS Orientador
BELCHIOR MONTEIRO LIMA NETO Examinador Interno
CARLOS EDUARDO COUTINHO DA COSTA Examinador Externo
MARIA CRISTINA DADALTO Examinador Interno
RAFAELA DOMINGOS LAGO Examinador Externo

Resumo: A proposta desta tese é analisar os últimos anos da escravidão e o pós-abolição em Cachoeiro de Itapemirim, município com a maior concentração escrava do Espírito Santo naquele período. O foco do estudo voltou-se aos elementos constitutivos de uma comunidade negra, como a ocupação de terras, a perpetuação dos laços de interdependência, responsabilidade e solidariedade, forjados no tempo do cativeiro, bem como sua memória da escravidão e da abolição. As fontes compõem-se, principalmente, de dois conjuntos. O primeiro é formado pelos periódicos O Cachoeirano e O Constitucional, examinados segundo a análise de conteúdo. O segundo conjunto constitui-se de entrevistas de História Oral, realizadas com membros da Comunidade Remanescente de Quilombo de Monte Alegre, no ano de 2019. Outras fontes foram utilizadas de forma complementar, como inventários post-mortem, censos e legislação. A análise dos periódicos na fase de desestruturação do sistema escravista demonstrou a força da escravidão na região, que manteve o controle da população escravizada até a abolição oficial, a despeito da crescente agitação. O apego à instituição revelou-se na tentativa de controle dos libertos e de seus descendentes no pós-abolição, ao mesmo tempo em que se criavam estereótipos negativos a partir de sua resistência. O discurso sobre a desorganização do trabalho, base para a defesa da imigração europeia, foi constante, embora contrariado pelas evidências do próprio jornal. A preocupação central com a defesa da grande lavoura proporcionou a disputa de narrativas sobre o 13 de Maio, prevalecendo, em um dos jornais, a associação da lei com um “golpe” na lavoura. Constatou-se que os laços familiares construídos durante a escravidão foram fundamentais para a inserção social dos ancestrais da Comunidade de Monte Alegre no mundo livre e para sua permanência e união até a atualidade. Também ficou evidenciado que a preservação da memória genealógica da escravidão e da abolição constitui a base para a afirmação da identidade quilombola (em construção) e para a celebração do 13 de Maio como acontecimento fundamental em sua história. O diálogo entre os dois conjuntos de fontes, ao iluminar versões diferentes dos mesmos objetos, ampliou o conhecimento sobre a escravidão, a abolição e o pós-abolição no Espírito Santo.

Palavras-chaves: Escravidão; Abolição; Pós-abolição; História Oral; Quilombola.

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