Defesa de tese de doutorado de Maxlander Dias Gonçalves

Título: A transição democrática e o que resta da ditadura nos rastros da Veja(1978-1985)
Data de defesa: 28/05/2021
Horário: 09:00
Local: sala de reunião virtual

Banca Examinadora: Pedro Ernesto Fagundes (Presidente/Orientador – UFES)
Julio César Bentivoglio (Examinador Interno – UFES)
Ueber José de Oliveira(Examinador Interno – UFES)
Ana Rita Fonteles Duarte (Examinador Externo – UFC)
Leandro do Carmo Quintão (Examinador Externo – IFES)

Resumo: Essa tese revisita os últimos oito anos da ditadura militar no Brasil tendo como objeto a Carta ao leitor, coluna editorial da revista Veja, buscando reconhecer, na transição democrática, os restos da ditadura. No fim da década de 1970 a ditadura demonstrava esgotamento. A crise econômica corroía as bases sociais e as vísceras do sistema político estavam cada vez mais visíveis. Foi nesse cenário que a disputa na caserna, sobre o momento ideal da saída dos militares, tomou corpo elevando a temperatura política nos quartéis e na sociedade. Assim, a transição, entre 1978 e 1985, ocorreu em meio a uma série de acontecimentos que demonstravam o quanto os militares não estavam dispostos a retornar o país à uma normalidade democrática se existisse qualquer perigo ao projeto erigido a partir da “Revolução”. Os setores da sociedade que deram suporte ao golpe de 1964 também debatiam o retorno da democracia, porém temendo o crescimento das insatisfações populares e os retrocessos entre as Forças Armadas. A revista reproduzia um discurso acerca da transição, em proximidade com o roteiro planejado a partir do general Ernesto Geisel. Evocava a necessidade de uma política de conciliação nacional, manutenção da ordem social, bem como um rearranjo do Estado brasileiro sob os princípios liberais. Em seu editorial – e baseado numa memória acerca do passado recente – o semanário intentava por meio da lembrança, do esquecimento e do silêncio, tecer um rito democrático sem abalos, equalizando as relações de poder que se colocavam no período, afastando as pautas e os segmentos indesejados. A fim de entender de quais maneiras Veja se envolveu nesse processo da transição, a pesquisa se propôs a apresentar, numa primeira ocasião, o protagonismo dos militares na condução da ditadura ao seu fim em meio às pressões vindas dos movimentos sociais para a chegada imediata da democracia. Num segundo momento, com base no debate bibliográfico, o trabalho procura apresentar as divergências historiográficas para o período, busca debater a noção de usos políticos do passado e a forma que isso assume na mídia. Numa terceira e última parte a tese segue os rastros da revista, utilizando-se do método da Análise de Conteúdos. A experiência traumática do passado recente brasileiro – a “ameaça vermelha” – aparece no semanário projetando elementos do discurso militar acerca da transição democrática. Interessa-nos entender onde se encontram as consonâncias e as contraposições enquanto formas discursivas assumidas pelos editoriais da Veja – no que diz respeito ao percurso orientado pelas Forças Armadas para o fim da ditadura – conforme cresce a pressão popular em defesa da democracia.

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