Defesa de dissertação de mestrado de Rafael Azevedo Nespoli
Título: Impacto dos valores sociais na manutenção da violência de gênero. Vitória (2016)
Data: 18/05/2023
Horário: 14h30
Local: Sala de Seminários, IC III – CCHN/UFES
Banca examinadora:
Profª. Drª. Maria Beatriz Nader (Presidente/Orientador – UFES)
Profª. Drª. Érika Oliveira Amorim Tannus Cheim (Examinador Externo – UEMG)
Prof. Dr. Julio César Bentivoglio (Examinador Interno – UFES)
Profª. Drª. Mirela Marin Morgante (Examinador Interno – UFES)
Resumo: A violência de gênero é a face mais cruel do patriarcado, que é nutrido por uma constante construção e manutenção de valores referentes a atributos destinados a homens e mulheres, reputados como naturais, embora arbitrários e historicamente construídos. A violência se apresenta como mecanismo naturalizado, extraído de uma série de valores afetos ao masculino, que juntos formam o conceito de honra. As pesquisas sobre o tema vêm demonstrando que o estado do Espírito Santo é uma das unidades da federação com maior proeminência no que se refere à violência contra as mulheres, assim como Vitória, sua capital, que também conta com números alarmantes. Este trabalho busca investigar de que forma a violência é mantida como recurso válido na solução de conflitos das relações de gênero, a despeito dos discursos e políticas públicas protetivas direcionadas às mulheres. Pretende-se demonstrar que homens e mulheres ainda estariam condicionados a buscar sua valorização no adequado desempenho dos papeis sociais, em uma abordagem de representação social constituída a partir do biológico, que lhes ofereceria aparente garantia de pertencer a um determinado grupo restrito e, assim, compartilhar dos privilégios desse grupo. Pertencer seria mais relevante que as possibilidades de insurgência, circunstância que impediria a diminuição ou mesmo o fim da violência. Para tanto, utiliza-se como fonte primária os boletins de ocorrência registrados junto à Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher na cidade de Vitória, em especial os relatos das vítimas, no ano de 2016. A escolha de um único ano é proposital e pretende mostrar que nesse lapso temporal restrito já é possível perceber o quão os valores são determinantes na perpetuação da violência.