JORNAL O DIÁRIO: A CENSURA E O PAPEL DA PUBLICIDADE NOS ANOS DE CHUMBO (1968-1974)

Nome: VICTOR REIS MAZZEI
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 18/04/2011
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
SEBASTIÃO PIMENTEL FRANCO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
IZILDO CORRÊA LEITE Examinador Interno
JESSIE JANE VIEIRA DE SOUSA Examinador Externo
JULIO CÉSAR BENTIVOGLIO Examinador Interno
MARIA BEATRIZ NADER Suplente Interno
SEBASTIÃO PIMENTEL FRANCO Orientador

Resumo: Revisitar a história do jornal O Diário é resgatar um pouco da história da imprensa no Espírito Santo. A referida publicação circulou em terras capixabas entre 1955 e 1980, e deixou como legado a formação de uma brilhante geração de profissionais, que, mais tarde, ocuparam as mais destacadas posições da imprensa local. Trata mais detidamente acerca da relação entre o jornal O Diário e a censura, sobretudo nos Anos de Chumbo (1968-1974). Em boa parte do período em que O Diário circulou, o Brasil estava imerso em uma ditadura militar (1964-1985), que impôs o cerceamento da liberdade de expressão aos veículos de comunicação. O controle sobre o que era noticiado era intenso. As sanções sobre quem ousasse enfrentar o regime eram imensas. Jornalistas foram pressionados, ameaçados, torturados e até presos. A censura se fez presente na atividade diária do profissional da imprensa. A maioria dos veículos de comunicação, em grande parte, dependente do Estado, seja na liberação de empréstimos ou no recebimento de anúncios publicitários, acabaram por acatar as determinações oficiais sob o risco de sofrer com retaliações. Estabelecia-se, assim, uma relação assimétrica de poder sobre aquilo que era publicado e divulgado pelos veículos de comunicação. Estratégias de resistência foram montadas por parte das publicações, a fim de fugir da censura, bem como buscar meios de noticiar as reportagens produzidas. Nesse ínterim, um novo elemento entra em destaque: publicidade. Por meio dela, o governo externou o seu humor e simpatia aos veículos. Àqueles que caminhassem de acordo com os ditames propostos pelos militares, o governo acenava com a possibilidade de recebimento de bons volumes de anúncios de propaganda. Já aos que intentassem enfrentar o regime vigente, havia não só a retirada dos anúncios oficiais, como também dos oriundos de empresas particulares, em função das pressões do Estado. O jornal O Diário vivenciou amplamente a censura em sua prática diária. Diretores foram chamados constantemente para prestar esclarecimentos, jornalistas foram detidos várias vezes, sendo que um deles até perdeu o emprego por causa de uma matéria em que divulgou o patrimônio de políticos capixabas. Apesar da constante atmosfera de medo, o jornal O Diário era considerado um jornal alinhado e simpático à proposta ideológica sugerida pelos militares no poder. Por conta própria, a publicação incluía em suas páginas matérias e anúncios em consonância aos ideais do regime autoritário. Em contrapartida, em várias ocasiões, O Diário foi beneficiado no recebimento de anúncios publicitários vindos de fontes oficiais, bem como por empresas particulares dependentes financeiramente do Estado. Os diretores do Diário enxergaram aí um filão a ser explorado e não mediram esforços a fim de potencializar a relação com os militares e obter, com isso, favorecimentos financeiros, além de trabalhar para que se evitasse que o jornal entrasse em choque direto com a pesada mão dos militares.

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