Defesa de tese doutorado de Amarildo Mendes Lemos

Título: Entre o pragmatismo e a ideologia: empresariado industrial, coalizão desenvolvimentista e governos petistas (2003-2016).
Data: 10/05/2024.
Horário: 15h.
Local: Sala de Defesas do PPGHis (Sala 307 do prédio Wallace Corradi Vianna) - CCHN/UFES.

Banca examinadora:
Prof. Dr. Ueber José de Oliveira (Presidente/Orientador - UFES)
Prof. Dr. Rafael Cerqueira do Nascimento (Examinador Externo - IFES)
Prof. Dr. Pablo Ornelas Rosa (Examinador Externo - UVV)
Prof. Dr. Ednilson Silva Felipe (Examinador Externo - UFES)
Prof. Dr. Josemar Machado de Oliveira (Examinador interno - UFES)
Profa. Dra. Camila Bueno Grejo (Examinador interno - UFES)

Resumo: A presente tese examina a existência de uma coalizão desenvolvimentista nos governos do PT (2003-16), com foco no papel exercido pela ação política da elite da classe do empresariado industrial dentro e fora do bloco de poder petista. Buscamos compreender a lógica dos principais atores coletivos, no caso partidos políticos e entidades de classe do setor patronal, com destaque para a CNI e a Fiesp, no contexto da criação da Nova Matriz Econômica, bem como os limites histórico-estruturais que explicam o “pragmatismo sob coação” do governo Dilma depois das eleições de 2014 e a presença da indústria na “coalizão empresarial neoliberal”, como protagonista da oposição política que sustentou o golpe parlamentar de 2016. Tratamos do problema da força política do empresariado industrial e investigamos a articulação entre ideologia e patronagem na formação de base parlamentar do governo federal. A atuação de Lula e de Dilma em relação a sua principal base partidária, o PT, é analisada a partir dos conceitos de incentivos seletivos e incentivos coletivos cunhados por Angelo Panebianco, que reconhece o pragmatismo como uma exigência para a sobrevivência das organizações, mas que compreende também o completo afastamento do partido de sua ideologia de fundação como uma ameaça à sua sobrevivência na forma de organização partidária. Com este suporte teórico-metodológico, analisamos documentos produzidos pelo setor patronal, pela esfera pública e pela cobertura jornalística sobre o recorte histórico em apreço. Procuramos demonstrar que a falta de base social do PT para sua política industrial foi resultado de condições estruturais e conjunturais que impuseram uma agenda econômica e política diametralmente oposta à ideologia fundante do PT e ao desenvolvimentismo dos seus governos, o que acabou gerando pontos de tensão. O empresariado industrial não possuía forças para ocupar o lugar do setor financeiro no contexto de dominância financeira, nem apresentou uma agenda política contrária ao capital estrangeiro. Defendemos que o momento exigiu um pragmatismo, de tal forma que sua intensidade acirrou o conflito interno dentro do partido, enfraquecendo-o ainda mais enquanto organização partidária. Diante disso, a agremiação optou por preservar sua base eleitoral e colocou-se em rota de colisão com Dilma Rousseff, que preferiu recuar, diminuir a autonomia dada a Joaquim Levy e evitar um afastamento completo do governo do seu partido e de sua base eleitoral, o que explica, em parte, o isolamento político do governo e sua derrota em 2016.

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